quinta-feira, 26 de novembro de 2009


Poesia no Olhar



Meu pensamento está no seu olhar
Quando me nutre e me cala
Todo horizonte e todo o tempo.


As cores
As formas
As vidas.


Animadas por duas estrelas
Nossas estradas
Nossas retinas.


Quando é o pensamento?
No seu olhar
A eternidade.


Através do belo, a liberdade.
A força e a luz
De nosso espelho.



sexta-feira, 13 de novembro de 2009

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Eis alguns textos de amigos.



Vi Quirino – este belo personagem da Elvira T. dos Santos – nascer nos nossos encontros da Oficina da Palavra, já há alguns anos. O conto abaixo faz parte do excelente livro “3 Cantos – Contos”. Se quiser adquiri-lo, deixe um comentário. Elvira entrará em contato.



Usufruam!

O CORAÇÃO DE QUIRINO
Elvira T. dos Santos

O homem, a mulher, o menino. Desceram do bonde Malvino Reis com duas malas de papelão e andaram uns três quarteirões até que, como se tivessem ensaiado antes, pararam de chofre. Aí, Genésio – o homem – estendeu o braço direito, esticou o indicador decidido e, com certa solenidade sentenciou:


- Aquela é sua nova casa.


Se o corpinho de Quirino não estivesse tão dormente pelas horas infindáveis passadas em jardineira, trem e bonde, tudo em experiências primeiras, era possível que, vencendo a timidez, o menino saísse correndo na frente só para falar “eu cheguei primeiro!” como fazia em suas brincadeiras. Olhou o casarão ocre, sólido, majestoso, construído no final do século XIX, e fez lá sua avaliação, que não tinha serventia nenhuma, já que ele não entendia de arquitetura e nem decidia seu destino e, como se dissesse “estou pronto” apertou a mão da mãe.



Em poucos minutos atravessaram o enorme portão de ferro trabalhado por artesão competente e, em meio a uma algazarra infernal, iam tentando romper os círculos de curiosos que se formavam com rapidez impressionante querendo saber como foram de viagem, como era mesmo o nome do menino, quantos anos ele tem, por quê que ele não fala... Tanto perguntavam como informavam o que não era indagado: o quarto número 2 já foi alugado pra uma família de seis pessoas, vindas não se sabe de onde; ficamos dois dias sem luz; o marido da manicure apareceu de repente, deu outra surra nela e tornou a desaparecer sem dar satisfação a ninguém; a inquilina do 21 teve outra crise de nervos e foi preciso chamar o SANDU que levou ela na camisa de força e isso já faz dois dias; nasceu a criança da mulher do 31, que não cabe em si de contente; essa noite não se pregou olho neste pardieiro porque o morador do 15 resolveu tocar trompete outra vez, até as tantas, pensando que é artista... Também alguns ofereciam os préstimos que, pela hora que é devem estar com fome e eu tenho feijão cozido e se a gente se reúne em pouco tempo tem bóia; quando vi seu Genésio saindo de terno para ir esperar vocês na Central peguei a chave com ele, varri seu quarto, ajeitei o que pude e se mais precisar eu faço, que vizinho é pra essas coisas mesmo, embora nem todos mereçam. Trepado no muro um menino sardento atira pedras com estilingue e por pouco não quebra a vidraça da casa ao lado, o que seria uma pena e um grande aborrecimento, já que por qualquer dê-cá-uma-palha as pessoas que moram nela chamam logo a rádio patrulha e hoje não é dia disso porque além de ser domingo estamos todos muito alegres, que D. Idalina agora tem seu menino a seu lado e não precisa mais chorar pelos cantos nem na beirada dos tanques enquanto alveja as roupas das seis famílias que ajudam a inteirar o magro salário que seu Genésio ganha da Prefeitura para limpar tanto esgoto entupido. Alguém lembra que mesmo estando cansados é bom mãe e filho tomarem logo seus banhos antes que a água acabe, a quem Genésio responde que levantou bem cedinho e encheu alguns vasilhames, que precavido ele era, e banho é mesmo de balde porque os dois chuveiros nunca funcionam e não adianta reclamar, que o dono de tudo isso cobra bem caro da gente, mas conforto que é bom, nem sinal.


Foi difícil chegar ao que, certamente, algum dia, foi o que se chamava aposentos de alguém muito rico, mas que hoje é apenas o quarto número 11, onde moram Genésio, Idalina, agora mais o guri. Na porta a romaria foi se dispersando, que lá dentro não caberia tanta gente, e só ficou com o casal e o menino a zeladora do cortiço chamada dona Francisca, que pouco mais se demorou. Foi só o tempo de desarmar sua cara de autoridade, pousar a mão no ombro de Quirino e recomendar que ele não se misturasse com os pestes do 4, do 7 e do 18 e já seria meio caminho andado para ter a amizade dela. Que não desse ouvidos quando o peixeiro do 17 falasse que ela odeia crianças e que só conversasse o indispensável com a filha da gorda do 30, que ela, a filha, além de desmazelada sabe tudo que não presta. No mais, era só ser obediente a ela, à sua mãe e ao seu novo pai, que eram pessoas decentes e queriam apenas seu bem, disso tivesse certeza. E sem mais se foi, deixando os três na necessária privacidade naquilo que, por ser tão pobre, menos lar não era.


Isso tudo faz uma semana, o que para Quirino não tem a menor importância porque, tendo ele só sete anos, sete dias passados não fazem falta nenhuma. Já para Idalina o mesmo não se aplica. Não por velhice, é bom que se diga, mas por preocupações maiores. Desde que chegou de viagem com o seu filho em triunfo, vem estudando o comportamento do companheiro para sondar como ele está reagindo à presença de mais um em casa. Tá certo que ele chegou pra ela um dia, sem mais avisos, e disse que estava pronto a cumprir a palavra empenhada, que era providenciar pro menino vir pro Rio. Isso era coisa acertada desde os primeiros dias do namoro dos dois. Na porta da casa da patroa Idalina fora bem clara: “vim parar aqui tão longe buscando jeito de ter recurso pra criar meu filho comigo. E o homem que me quiser tem que querer ele também. Se não, nem adianta botar casa pra mim.” No mais, foi tudo muito rápido. Poucos dias depois ele veio com a novidade do quarto alugado na casa de cômodos pros lados do Andaraí. Ela deixou o emprego, que ficou longe, e pela obrigação de dormir todos os dias com o companheiro, que tinha muitos anos mais que ela, exigindo atenção redobrada. As coisas foram se ajeitando, até que ele chegou, maroto, trazendo dinheiro emprestado, que era a conta certa da viagem. Agora é que são elas, que criança sempre atrapalha, ainda mais num quarto só, com a vida tão apertada. Por isso esses sete dias para Idalina foram de sentinela, pra ver se surpreendia Genésio com ares de antipatias. Pura perda de tempo!


Genésio todo dia dava um jeito de puxar conversa com Quirino, fazer agrado, mostrar que estava gostando. Nem parecia que tivera outros filhos, que agora eram adultos e moravam do outro lado do seu primeiro casamento. Isso Idalina pudera constatar. Até sentia-se recompensada por tudo que sofrera e por acordar às cinco horas da madrugada para pegar os tanques livres e lavar o roupeiro da freguesia. Se levantasse mais tarde, era confusão na certa. Não ia faltar quem dissesse que os tanques eram pras roupas dos moradores, que tinham preferência. Já bastavam as indiretas por causa do gasto de água, que as caixas não davam conta de tanta necessidade e igual desperdício.


Em pouco tempo Quirino aprendeu a buscar e entregar as roupas que a mãe lavava e fazia pequenos favores pra vizinhança o que, não raro, lhe rendia algumas gorgetas. Quando não tinha ocupação gostava de conversar com os filhos dos portugueses do 5, que haviam chegado ao casarão uns poucos meses antes dele. Tinham em comum o fato de falarem diferente dos que viviam ali há mais tempo. Quirino, com seu sotaque caipira, de vez em quando usava palavras desconhecidas da cidade, assim como os dois irmãos, que tinham os seus pois pois. Talvez por isso se dessem tão bem os três “estrangeirinhos”. Ainda os aproximava o fato de terem vindo de lugares tão diferentes da realidade do cortiço – tinham lá suas nobrezas. Fernando e Fátima contavam-lhe como tinha sido a viagem de navio, e o que mais o intrigava eram os onze dias sem ver a terra de perto sendo que, na maioria do tempo, não a viam de jeito nenhum. Pelo que podia deduzir, se os irmãos não mentiam, o mundo era muito grande e tinha água demais. Não compreendia bem a mágica de tanta gente viajando dias e dias em cima de tanta água. O que conhecia eram canoas pequenas que transportavam os caboclos, e a maior água que vira foi a do Rio das Velhas, quando sua mãe foi buscá-lo em inesquecível viagem, cuja pior parte fora a de jardineira, que atolou muitas vezes no lamaçal do caminho, tendo os pagantes que saltarem para ajudar como pudessem. Quirino foi mais feliz, ficou dentro da jardineira, que menino não pode nada.


Às vezes parecia meio triste, mas vai ver era a falta de costume de viver naquela colmeia de gente. À noite seu coração se apertava. Depois que a mãe puxava a cortina de chitão estampado que separava a cama do casal do resto do cômodo, o sono não vinha logo. Vinham eram lembranças da vida na roça, das brincadeiras naquele mundão de pastos, numa fartura sem fim. Tinha nos ouvidos o barulho de rios, moinhos, carroças, pilão socando, taquara rachando ao sol, mamona seca estalando, sapo no brejo, mugidos, latidos agoniados, chuvas na cumeeira, passarinhos nas goiabeiras... Uma sinfonia sem maestro, que disso quem cuida é Deus. Dorme, Quirino, dorme, que ninguém sabe ao certo que sensações, que lembranças, são o passado de um menino.


Aos poucos foi conhecendo melhor as pessoas do casarão. No 6 morava um espanhol que bebia nos fins de semana, dava alterações e proibia a mulher de conversar com os vizinhos. Por isso ninguém podia oferecer consolo quando ela chorava sua má sorte e sua saudade da Espanha. No 20 morava uma família enorme, de um chofer de táxi, que parecia ter o rei na barriga por causa do Oldsmobille. Todo dia, quando chegava da praça, o homem polia aquele carro que, de tão preto, luzia. Tinha Domingo de sol, quando quase todo mundo se juntava em baixo das mangueiras pra refrescar o calor, que ele pegava o táxi com a mulher, cinco filhos e a cunhada, e ia para a Ilha do Governador tomar banho de mar. D. Francisca tinha um filho solteirão que ajudava na limpeza, de nome seu Agenor. Amarelo, caladão, seco, andava arrastando as chinelas como se não suportasse seu peso. Era o preferido da meninada! Um dia seu Agenor se lavava no banheirinho do pátio e os capetas bateram tanto na porta e fizeram tanta chacota, que ele não aguentou: saiu pelado correndo atrás da turba feito um bruxo possesso. D. Francisca passou boa parte do resto dos seus dias tentando arrumar alguma salvação para a dignidade do filho. Bem faziam os seis nordestinos do 13 que deixavam as peixeiras sempre à vista para alguma emergência e garantiam, assim, um tratamento sempre respeitoso da raia miúda e, a bem da verdade, da graúda também, porque ninguém é suicida. Ninguém, falando de modo geral, porque Deusdeth, do 26, bebeu formicida com guaraná em dia de grande desgosto. Todos sabiam qual era seu emprego noturno, mas nunca fora vista nas redondezas com insinuações nenhumas com homem conhecido ou não. Não incomodava em nada. Depois daquele dia a pobre definhava a olhos vistos. Antes tivesse morrido.


Seu Genésio pouco sabia de estudo mas, à noite, mesmo cansado, sentava ao lado do menino para acompanhar no dever de casa. Sempre se saía com alguma coisa como “sua letra tá melhorando”, “tá caprichado”, “vai acabar sendo escriturário”. Idalina olhava enternecida e passava a mão na cabeça do filho, escondendo os olhos molhados.


Quirino passou anos observando a cara das pessoas, olhando no fundo dos olhos delas, ganhando intimidade, criando uma cumplicidade discreta que não se expõe com palavras. Ficava horas e horas prestando atenção na rotina daquele mundo tão sem horizontes, registrando a vida daquela gente como se fosse ele uma filmadora invisível. O que não sabia é que aqueles tipos, com suas alegrias e mazelas, invadiam seu coração de forma irremediável. E o coração de Quirino era uma vasta pradaria onde qualquer emoção vingava multiplicando sementes. Por isso seus sonhos eram cada vez mais complicados para seu entendimento tão vago. Viajava no carro preto por terras de sua infância; tomava banho de rio segurando a mão de Fátima, observados por D. Francisca com os seus olhos de cabra; Deusdeth fazia doces em tachos de cobre com grande boca vermelha e vestidinho apertado; o menino sardento puxava sorridente uma cortina florida e no palco surgia uma morena lasciva, tocando castanholas, escondida do marido bêbado, que dormia, banhado de suor, sob frondosas mangueiras, enquanto galos cantavam e seu Agenor, redimido, abria as porteiras por onde as vacas fugiam; seu Genésio aparecia na estrada empurrando a jardineira onde viajava todo o cortiço pro interior de Minas, que nunca fora tão Gerais – tudo ao som de um trompete que varava as madrugadas embalando um menino enquanto sua mãe descansava no alpendre de uma fazenda.


Tinha Quirino uns doze anos quando chegou a notícia que o casarão ia ser demolido e que todos tinham três meses para arrumar vida nova. Três meses! Nunca houve tempo de tanto alvoroço e igual tristeza. Era gente pelos corredores, no pátio, na grande cozinha, nos tanques, sob as mangueiras, por todo lado, a qualquer hora, fazendo levantamento das suas possibilidades de sobrevivência, tecendo seus comentários, desfiando seus rosários de penas, ou mesmo rogando pragas.


Mas o que parecia sem remédio aos poucos se remediava. E até que não foi tão difícil pro alfaiate do 8 conseguir uma meia-água nos fundos da casa de um freguês, no bairro do Engenho Novo, que nem tão longe não era. Daí em diante começou a ser frequente as pessoas carregarem seus pertences para a calçada e irem acomodando tudo, como desse, em velhos caminhões de frete ou no que pudesse substituí-los. Depois de demoradas despedidas, lá ia mais uma família com os colchões descobertos, com os fogões JACARÉ, suas trouxas em cima dos poucos móveis – enfim, com suas tripas à mostra.


Desse modo chegou a vez de Genésio, Idalina e o menino dos dois – nem mais tão menino assim. A única diferença é que os moradores de outras casas, sempre contemplativos, nesse dia vieram dar adeus à Idalina, lamentar que suas roupas ressentiriam a perda, ou abraçar Quirino que, com um nó na garganta, não dizia mesmo nadinha. Pouco depois estava na carroceria do caminhão junto com os bens do casal, sendo ele mesmo mais um. E seu coração parecia não caber mais sentimento quando seu Agenor se destacou entre os demais e agora, despido do pudor de ser ridicularizado, com gestos teatrais, gritou bem alto quando o caminhão se afastava:


- Vai, Quirino, e trata se ser feliz! Nunca arranque do peito a lembrança de nossa gente!



- Ô, meu Deus, logo seu Agenor falando uma coisa dessas...





Ana Hertz foi minha companheira de infância e adolescência no Instituto de Educação do Rio de Janeiro. Recentemente, veio fazer a Oficina da Palavra e se descobriu escritora. Publicou o livro “e, enquanto espera... divirta-se!”. Abaixo, você terá oportunidade de conhecer uma cronista de mão cheia! Entre no seu blog e confira: http://dandopalpite.blogspot.com/.


SOBRE A BELEZA
Ana Hertz
A tela, em branco, e não sei como vou começar. Difícil escrever sobre a Beleza, que todos buscamos a cada momento da vida. Como falar nela, quando tudo em volta conspira contra a paz, a alegria, a justiça? Esforço-me para deixar de lado esse mundo confuso e violento e percebo, na alva página virtual, os primeiros flocos da neve, caindo mansamente sobre a floresta, um manto a cobrir as flores que resistem ao rigor do inverno. Os raios de sol se despedem e levam junto sua luz dourada, abrindo espaço para a noite que se impõe, magnífica. Fecho os olhos e abro a alma para a paisagem que se derrama pela mesa de trabalho, permitindo que a lua se afirme, com delicadeza, no escuro daquele céu imenso. Como num passe de mágica, volto no tempo e vejo a lua espelhada nas águas da lagoa, em cujas margens caminho extasiada com a imagem do Cristo, bem lá do alto, a abençoar a cidade que, atenta, olha a vida transbordando de seus poros.

O telefone toca e me traz de volta, desfazendo no ar o pôr-do-sol que começa a se delinear em meu espírito, com raios fazendo, das areias do Arpoador, um chão de pedrinhas brilhantes. Um amigo pede um livro sobre Gandhi. Deixo o teclado e vou em busca da obra sobre o fascinante indiano. Sentada na escada de metal, descubro, naquele rosto magro, moreno, naquela vida, a extraordinária beleza de quem fez do próximo seu objeto de amor.


Enquanto passeio pelas estantes que abrigam tantos livros queridos, esbarro no song-book de Chico Buarque. Suas páginas amareladas pelo tempo trazem de volta as mais simples palavras de nossa língua, que falam de quem morreu na contramão atrapalhando o tráfego, do feijão que ela faz todo dia sempre igual, da Maria, do Nicanor, da gente humilde com cadeiras na calçada... E Chico também avisa que vai passar, nessa avenida, um samba popular... Delicio-me com cada verso, com cada refrão que insiste em soar baixinho... Desligo-me do mundo e mergulho na beleza dessas letras incomparáveis. O tempo vai passando, até que a música que vem nem sei de onde me traz de volta. Parece Edu Lobo... Será Ponteio?


Desço da escada e, no cantinho do quarto, com um olhar, abraço a pilha de CDs, num feliz reencontro com Toquinho, Vinicius, Mozart, Beethoven, Gershwin. Como uma criança em noite de Natal sem saber qual presente vai abrir primeiro, fico ali, extasiada com os acordes que se escondem nas embalagens coloridas. Posso ouvir cada nota, cada tom e semitom... apenas com a alma.



Dizem que a beleza está no olho de quem vê. Também no coração de quem ouve, na mão de quem trabalha, no afago de quem ama... Encontrei a beleza em quem pregava a paz baseada na liberdade e na igualdade de todos os homens e nações, naquele que juntava palavras e dizia que ia fazer um samba para a nata da malandragem e que, num momento de grande inspiração e de desespero cívico, clamou aos céus: “Pai, afasta de mim esse cálice de vinho tinto de sangue”. Também a senti no canto da cigarra que anuncia o verão, nas palavras amorosas do amigo querido, no sorriso da mãe ao beijar o filho que acaba de nascer, no médico que vai para bem longe brigar com a morte e a desesperança, onde elas insistem em ficar...

ernando Pessoa não tinha ilusão e, em verso, disse que a própria idéia em nós dessa beleza, um infinito de nós mesmos dista. Mesmo assim, ouso dizer que posso, a cada minuto, ouvir, sentir, cheirar e tocar a Beleza, disfarçada no sorriso de uma criança, na flor que brota, teimosa, na terra sofrida, ou na folha em branco, que se oferece, despudorada, ao poeta para que ele, ali, possa derramar sua alma.


 



AGUARDEM  outros textos para a próxima semana!