segunda-feira, 22 de novembro de 2010

São jovens entre 15 e 17 anos. Cursam o segundo ou o terceiro ano do segundo grau de escolas da zona Sul do Rio de Janeiro. Buscam uma forma de colocar suas ideias, opiniões, certezas e incertezas, sem ferir as limitadoras regras do Vestibular, já que seu primeiro objetivo é a boa redação no Vestibular. Logo compreendem, porém, que escrever bem é um ganho para a vida toda. No ano seguinte, vem a redação na Universidade e, logo após, o texto que, corriqueira ou eventualmente, precisarão redigir enquanto profissionais.

Nas atividades que realizo com estes jovens, quase todos atingem o que buscamos desenvolver.

Prazer de SER pela escrita. Autoestima.

Prazer de ouvir o outro e ser ouvido, exercendo a alteridade com admiração e respeito. Compaixão.

Prazer de refletir fora dos códigos do já dito, do já pensado, do que o sistema espera deles. Criatividade.

Prazer de poderem ser espontâneos, de poderem pensar por eles mesmos, de descobrirem, enfim, que são aquilo que sentem, pensam, dizem ou escrevem. Autoconhecimento.

Eis textos de alguns deles sobre temas diversos.

Apreciem.

Ana Zanelli

55 21 9761-5596


quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Paula Morand


Beleza na vitrine

(dissertação)

O mundo capitalista da atualidade criou, entre outras modificações, a necessidade da propaganda, da venda, do consumo. A população é diariamente bombardeada por “marketings” que a induzem a beber tal refrigerante, possuir o celular mais avançado, comprar a roupa da moda. Com isso, são construídos padrões comportamentais e, para estar em consonância com o século XXI, cria-se a necessidade de ceder às tendências.

A formação de estereótipos gera um consenso sobre o que é belo e busca homogeneizar esse conceito. O corpo torna-se, assim, parte desse conjunto estético, ideal, sendo mais um objeto de “venda”. O crescente sucesso de academias de ginástica, produtos para emagrecer e anabolizantes, por exemplo, pode ser explicado por essa busca incansável pela beleza.

Homens supermusculosos e mulheres macérrimas são postos como modelos de beleza. Estes padrões, fora da realidade da maioria das pessoas que possuem as mais diversas características físicas, fazem com que muitas arrisquem suas saúdes para “comprarem” o corpo perfeito. A “beleza universal”, portanto, deixa de ser um simples conceito com o assentimento da maioria, como o “belo” definido por Kant, e passa a associar-se a metas de vida e sofrimento quando relacionados ao físico.

A beleza deve assumir, então, um caráter mais subjetivo em que cada indivíduo defina como belo aquilo que o agrada e o atraia. Neste aspecto, é necessária uma atitude anticapitalista para que o corpo ideal e o belo, em qualquer situação, deixem de ser produtos uniformes e estáticos para se tornarem conceitos individuais e mutáveis.



João Vicente Tinoco

Liberdade

(dissertação)

Após quase vinte anos vivendo uma ditadura, os brasileiros sabem diferenciar quando estão e quando não estão livres de algo. O conceito de "liberdade", porém, ainda é muito discutido, assim como seu significado prático. É possível que todos tenham liberdade? Significa fazer o que quiser? Anarquia? O que, afinal, é "liberdade"?

O primeiro passo para compreender o sentido de liberdade é entender o que é a falta dela. Uma pessoa que não é livre é uma pessoa comandada por ou dependente de algo ou alguém. Não possui livre arbítrio. Neste caso, a liberdade, portanto, é o poder que se tem de fazer escolhas e o que parecer mais conveniente.

Costuma-se associar, irrestritamente, a liberdade ao bem de uma população. Essa associação, porém, nem sempre condiz com a realidade. Nem sempre a liberdade incondicional é vantajosa para a maioria, pois, às vezes, ela garante a uma pequena parte da população o poder de explorar uma parte maior, como no Liberalismo econômico. É por essa razão que existem governos controlando o povo; existe a legislação para controlar o governo; e existe a democracia, que garante ao povo a liberdade de eleger seus legisladores.

A liberdade é o direito que uma pessoa tem de escolher o que fará. Ela sempre é boa para todos, mas deve ser regulada, a fim de evitar que alguém opte, em sua liberdade, por agredir o próximo. Para isso, existem as regras e leis. A legítima forma de liberdade é a democracia, pois ela garante ao povo o poder de escolher como e por quem a liberdade será regulada.

Marina Cardoso

Grades Invisíveis

(dissertação)

Entende-se como livre-arbítrio o poder de escolha, preferência e decisão de cada pessoa. Fator crucial para a formação da individualidade. Proporcionam-se, a partir da singularidade do indivíduo, diferentes formas de pensar e interpretar a vida.

A liberdade pode ter diversos significados; por exemplo, para uma criança, pode significar nadar até o fundo em uma piscina; para um adolescente, a saída da casa dos pais; para um adulto, uma viagem para o exterior, sem nenhuma preocupação. Em todos esses significados, há uma relação de dependência com os fatores do mundo. As escolhas pessoais estão diretamente ligadas às oportunidades que são apresentadas. É o fator externo interligado com o fator interno.

Muitas vezes, o fator exterior interfere tanto na vida da pessoa que a visão de liberdade torna-se efêmera. Como acontece, por exemplo, com o aumento da busca por condomínios fechados, devido à intensificação da violência. Tem-se, portanto, uma impressão de liberdade em uma verdadeira prisão de luxo. A constante acomodação e a falta de perspectiva – vivenciada pela maioria dos brasileiros – vão de encontro à essência da liberdade, que significa a busca pela melhoria de vida, a ascensão social.

Dessa forma, fica evidente que todos os fatores externos influenciam a concepção da ideia de liberdade, pois o mundo mostra-se muito vasto e influente. Necessita-se, assim, da falta de conformismo e acomodação das pessoas e da busca por um objetivo. A grandiosidade da alma vai muito além de delimitações de qualquer espécie.

Tomás Osório

Poder ou não, eis a questão

(dissertação)

A liberdade pode ser classificada nos mais vastos aspectos: de pensamento, de expressão, de movimento, de opinião e até econômica. É um conceito diretamente relacionado ao poder ou não poder assumir determinadas atitudes. Uma pessoa poderosa, dessa forma, é aquela que possui mais liberdade para fazer o que bem quiser.

A liberdade não é sempre positiva: o homem pode tornar-se destrutivo – poder exige responsabilidade. E esses seres responsáveis tem sido a solução para um planeta cheio de corrupção e conspiração. Não que não haja pessoas de responsabilidade no mundo: não há pessoas com responsabilidade, liberdade, poder no cenário político mundial. A falta de discernimento também atinge a Economia, como a atingiu, em 1929, o liberalismo econômico.

Ela também é muito relacionada à felicidade do ser humano, porque um homem feliz é aquele que é “livre” de problemas. O mais impressionante é que a sociedade não percebe que ela ainda vive presa ao mundo pequeno de moda, beleza, dinheiro: isso não é liberdade. E, desta vez, não haverá Princesa Isabel de caneta tinteiro para salvar o homem da alienação, da detenção de sua consciência “antiliberdade”.

O ser humano vem, progressivamente, agindo como um primata, irracionalmente. É necessária a elevação do espírito e da consciência humana para que ele possa, então, chegar a um conceito de real liberdade. Deste modo, acabar-se ia com o regime de hipocrisia e falta de responsabilidade praticada pelo homem moderno.

Lucas Von Lachmann

Que Caminho Tomar?

(artigo de opinião)

Desde que me lembro, tive todos os meus passos, por assim dizer, predeterminados: creche, escola, faculdade... Tudo para ter um bom futuro. O que me parece uma grande hipocrisia é que aqueles que mandam eu me dedicar às minhas obrigações muitas vezes se referem à sua juventude como os melhores anos de suas vidas... e o quanto rebeldes eles eram...

É verdade que os tempos mudaram, e ter estabilidade financeira se tornou mais difícil, principalmente pela maior competitividade no mercado de trabalho. E é exatamente por isso que, nesta época de nossas vidas, devemos ter o máximo de experiências possíveis até mesmo para descobrir o que queremos. Nem todos foram destinados a trabalhar em salas fechadas, sentados o dia inteiro; porém, amedrontados pelas condições de vida dos pobres de nossa sociedade, submetem-se a uma vida cheia de obrigações e vazia de felicidade.

O objetivo de enriquecer é para poder comprar felicidade; entretanto, em nossa sociedade, o preço da felicidade está caro e parece só ter um jeito de conquistá-la, com exceção dos prodígios esportistas. Na educação, o investimento estatal é muito pequeno, o que acarreta o desnivelamento com as instituições particulares. Deste modo, o mercado de trabalho está sempre desfavorável para aqueles com más condições financeiras. Por fim, mantém-se a ordem social desigual em que os ricos ficam mais ricos enquanto os pobres cada vez mais pobres.

Que sociedade é esta que só beneficia aqueles que vão pelos caminhos instituídos? E por que valorizar a qualidade de ser rico? É muito ruim crescer pensando que, para ser feliz na vida, só como engenheiro, advogado, médico. E é exatamente esse paradigma que precisamos mudar: buscar a felicidade desvinculada do dinheiro, pois, muitas vezes, esses dois são confundidos, o que leva a um falso estado de felicidade.

Tomás Osório

A Divina Intervenção

(dissertação)

Uma nova espécie de seres humanos está surgindo no planeta Terra. Essa evolução, porém, não se encaixa nas teorias mendelianas e modernas de mudança de um perfil populacional. Os novos homens, chamados de “divinos”, vêm se tornando cada vez mais notáveis no dia a dia. São seres muito evoluídos em uma consciência diferente, algo bastante válido para a salvação da espécie humana, e cada vez menos raro.

É evidente que o homem sempre viveu sob a pressão feita pela palavra “fim”, e nada aconteceu. Agora, no entanto, é mais que notável: algo deu e está dando muito errado de alguns anos para cá. O pior: tem gente adorando terremotos e afins pelo mundo, como é o caso da mídia, por exemplo. Tal constatação prova que ainda há muitos homens e mulheres redondamente enganados, alienados de consciência. Estes homens, atualmente, estão no controle da maioria dos cargos políticos e na chefia de empresas. Os menos afortunados em consciência e recursos materiais procuram matar, roubar, fazer qualquer coisa pelo dinheiro.

Ao contrário das gerações passadas que, em maioria, contribuíram para o arrocho do planeta, as gerações da década de noventa para cá têm algo mais para mostrar. Os jovens atuais se encontram muito preocupados com o destino da Terra, da espécie humana. E não é só essa preocupação que justifica sua evolução. Também há algo inexplicável, como um encanto, em seus olhares. Há quem diga que o ADN humano está se alterando, está transcendendo. É mais que necessário a nova geração manter-se como moderadora do Estado.

Dessa vez, essa mudança no perfil político da sociedade não será dolorosa. Uma era de paz está por vir. Ainda é requisitado, no entanto, que todos cooperem, ajudem, procurem elevar a sua consciência como muitos estão conseguindo. A nova dimensão, o novo jeito de pensar, agir, existir, cada vez se aproxima mais. Muitos ainda podem se salvar.

Marcelo Fraiha

A Curiosidade Quebrando Barreiras

(dissertação)

A curiosidade humana nos remete, cada vez mais, estar à procura de informações, conhecimento em geral. Por isso perguntamos sobre tudo que encontramos no mundo, em busca de justificativas para explicar o que veio antes de nós e, assim, compreender o nosso propósito.

A longa duração de certas realidades se dá por meio de indivíduos que, cegamente, sem saber por quê, continuam a praticá-la sem se perguntarem, por exemplo, por que existem pessoas pobres e pessoas ricas. Por que discriminamos e condenamos certos atos? Isso tudo leva a uma certa alienação em que não se deseja enxergar nem refletir.

Há também as ideias utópicas de mundos perfeitos em cada um dos indivíduos pensantes, como um mundo sem fome ou sem diferenças sociais. Certamente, o mais perfeito deles seria aquele em que todas as pessoas fossem inteligentes a tal ponto de não praticarem nenhum mal aos seus semelhantes e também a nenhum outro ser vivo. Tal comportamento modificaria, assim, tudo o que conhecemos hoje.

Sabemos que sempre haverá fatos ruins e bons, porque tudo assume um outro sentido quando se muda de ponto de vista. Sabemos também, entretanto, que sempre existirão os curiosos e os sedentos por informação. Embora hoje representem a minoria, a força deles já é notável.

Guilherme Cherman

A Terra está parindo o novo humano divino

(dissertação)

Embora ainda haja muitos problemas com o mundo, é fato que, ao longo das últimas décadas, o ser humano vem profundamente melhorando seu comportamento. Esse fenômeno pode ser observado em várias áreas, como no relacionamento do homem com outros homens e com o meio-ambiente.

No início do século passado, por exemplo, o planeta foi quase destruído por guerras mundiais e ditadores como Hitler e Stálin. Ao longo do século, o homem foi percebendo os erros que cometeu. Hoje, o número de conflitos é, embora grande, muito menor. Além disso, a democracia liberal já está presente em quase todos os cantos do mundo.

Quando o assunto é o meio-ambiente, o homem também vem evoluindo. Todos sempre souberam que a espécie humana, desde a Revolução Industrial, vem destruindo a fauna e a flora do planeta. Mas é só desde as décadas de 70 e 80 que o movimento ambientalista realmente passou a existir e influenciar a sociedade. Hoje, há um enorme número de pessoas agindo para reverter os danos causados à natureza e combater as perigosas mudanças climáticas.

Não há dúvida, portanto, que o homem vem evoluindo muito nos últimos anos. Sua ética vem aperfeiçoando, seu caráter melhorando. Esse novo homem – o novo humano divino - torna possível o surgimento de um mundo melhor, onde todos possam viver uma vida decente, com respeito e alegria.

Marcelo Sparano Campos

UMA PRISÃO INVISÍVEL

(dissertação)

Em um mundo capitalista, as pessoas vivem em uma prisão invisível gerada pela padronização do estilo de vida. Esse novo estilo de vida é baseado em um capitalismo que impõe o que as pessoas têm que vestir, comer e até dizer. Elas, porém, não percebem que estão vivendo em uma prisão. Elas não percebem que perderam a sua liberdade.

Uma das características do capitalismo é a obsolescência planejada que ocasiona a baixa durabilidade e a necessidade da reposição de produtos. Esses produtos são apresentados ao consumidor pela mídia que, por sua vez, manipula as pessoas, fazendo-as pensar que, para se sentirem bem consigo mesmas é necessário a obtenção desses novos produtos. Se as pessoas não viverem de acordo com a tendência, elas sofrem exclusão e preconceito, e a exclusão e o preconceito são conseqüências do novo estilo de vida da sociedade moderna. Essa mentalidade é a característica principal dos prisioneiros da prisão invisível. Eles perderam a liberdade ao viver de acordo com tendências, tornando-se escravos de um capitalismo selvagem.

Os prisioneiros não têm liberdade; porém, eles pensam que têm. Podemos perceber isso no dia-a-dia das pessoas. Elas têm a opção de mudar de vida, mas preferem deixar as coisas do jeito que estão por ser mais cômodo e menos trabalhoso. Ou até por pensarem que uma pessoa não faça diferença em um mundo habitado por seis bilhões que preferem não fazer nada para mudar. Com isso, podemos perceber que a liberdade de uma pessoa é algo ilusório e, na verdade, vivemos em uma prisão invisível.

O primeiro passo para conquistar a liberdade é perceber a prisão em que não podemos usufruir do que realmente somos. O segundo é começar a viver tendo como base a sua ideologia pessoal, e não, a do capitalismo que nos manipula diariamente. Precisamos ter a coragem de lutar pela liberdade para poder transformar o mundo em um lugar melhor para se viver.